terça-feira, 14 de abril de 2009

Desnutrição ainda afeta crescimento de crianças de São Paulo e da Bahia

A desnutrição ainda é um dos principais problemas de saúde enfrentados pelos países em desenvolvimento, embora tenha sido registrada uma tendência de declínio de sua prevalência a partir da década de 70. O crescimento linear da criança expressa de forma contundente o impacto das condições do ambiente social e econômico sobre a saúde e a nutrição na infância. Nesse sentido, Lucivalda Oliveira da Universidade Federal da Bahia e equipe resolveram identificar as variáveis ligadas ao crescimento linear em crianças menores de cinco anos de municípios da Bahia e de São Paulo.
Os dados do estudo são oriundos de uma amostra de 3.746 pré-escolares de dez municípios do Estado da Bahia e de cinco municípios do estado de São Paulo. Os inquéritos foram realizados no período de março de 1999 a março de 2000, na Bahia, e em novembro e dezembro de 2001 em São Paulo. De acordo com artigo publicado na edição de março de 2007 dos Cadernos de Saúde Pública, "os dados referentes aos municípios foram obtidos do Censo Demográfico de 1991. As demais informações utilizadas têm caráter primário. Aquelas referentes às condições sócio-econômicas, saúde materna e da criança foram obtidas utilizando-se questionários estruturados, aplicados às mães ou responsáveis pela criança. As medidas do peso e comprimento/altura foram tomadas em duplicata".
Os resultados mostram que foram fortemente associados ao déficit do crescimento linear das crianças avaliadas: baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e inadequada assistência pré-natal, no nível dos municípios; baixas condições ambientais, econômicas e da escolaridade materna, no nível dos domicílios; e baixo peso ao nascer, esquema vacinal incompleto, história prévia de desnutrição e ausência do aleitamento ao peito, no nível das crianças. Da variabilidade total explicada pelo modelo, 15,7% foram atribuídas às variáveis municipais (IDH e assistência pré-natal), 33% às variáveis domiciliares (índice ambiental, índice econômico e escolaridade materna) e 51,3% às variáveis relacionadas à criança (idade, peso ao nascer, vacinação, aleitamento materno, percepção materna sobre estado de saúde da criança e história prévia de desnutrição).
Segundo os pesquisadores, "é possível interpretar esses resultados como indicativos de que, melhorando as condições de vida das crianças e de suas famílias, ampliando o acesso aos bens e consumo necessários à sobrevivência, bem como melhorando as condições do contexto (município) em que a criança vive, esta pode desenvolver plenamente a sua capacidade de enfrentamento das condições biológicas e de morbidade, e responder de forma mais eficaz aos agravos do ambiente que possam comprometer o seu potencial pleno de crescimento".Fonte: Agência Notisa
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